Rising Phoenix e a filosofia do “esporte para deficientes” de Ludwig Guttmann

Um legado para quebrar preconceitos?

Resumo

Rising Phoenix. História dos Jogos Paralímpicos é um documentário lançado em 2020, elaborado a pedido do Comitê Paralímpico Internacional. O objetivo deste artigo é analisar criticamente a historicização e a mensagem oferecida, em relação ao fato de que a “filosofia do esporte para deficientes”, fundada no século passado em Stoke Mandeville pelo médico inglês Ludwig Guttmann, constitui um legado a romper os preconceitos sobre as pessoas com deficiência e a promoção de seus direitos humanos hoje. Para isso, é descrita a história mítica proporcionada pelo documentário sobre o esporte paralímpico. Em seguida, as sombras projetadas são identificadas à luz da historicização oferecida e, com base na análise de conteúdo das publicações produzidas por Guttmann entre as décadas de 1950 e 1970 e de fontes secundárias, são detalhados os princípios que compõem sua filosofia. Posteriormente, esses elementos são confrontados nas duas décadas seguintes com o nascente movimento pelos direitos das pessoas com deficiência e sua proposta de modelo social da deficiência, que alimenta as demandas atuais desse grupo, evidenciando sua total desarmonia. Por fim, recuperando contribuições dos Estudos da Deficiência, mostra-se como a construção da narrativa identitária oferecida pelo documentário dos atletas paralímpicos por meio da máscara das “pássaro fênix” e dos “super-humanos”, nascidos em Stoke Mandeville, se reproduz no espelho. da sociedade em geral exaltando preconceitos da ideologia da normalidade que promovem a deficiência, a disciplina social e a perpetuação da desigualdade.