Grupo de crianças e pais: práticas da psicologia na atenção primária à saúde

Resumo

Esse artigo apresenta o relato de experiência do grupo psicoterapêutico de crianças realizado de modo concomitante ao grupo de familiares e tem como objetivo refletir, a partir da proposta de grupos paralelos e simultâneos de crianças e pais/cuidadores, a necessidade de escuta das famílias na atenção primária à saúde. Trata-se de uma intervenção desenvolvida por profissionais da psicologia em um centro de saúde em Porto Alegre, Brasil. O grupo de crianças é realizado desde 2006 a partir da demanda das famílias, escolas e profissionais da saúde. Ao entender a relevância da participação das famílias no processo psicoterapêutico das crianças e ao apostar nas potencialidades do dispositivo grupal, a equipe da psicologia propôs o grupo de pais/cuidadores em horário concomitante. Antes desta modalidade, a abordagem com as famílias era realizada individualmente. A realização dos grupos concomitantes contribuiu para o maior envolvimento das famílias, pois o espaço coletivo potencializou reflexões sobre questões familiares e transgeracionais que repercutem significativamente no processo terapêutico das crianças. A intervenção fomentou cuidados de saúde para além do indivíduo, possibilitando a ampliação da rede de apoio e melhor compreensão da dinâmica familiar e escolar, viabilizando a promoção da saúde mental em uma perspectiva integral.

Palavras-chave: Psicologia, Grupos concomitantes, Crianças, Pais/Cuidadores, Família

Referências

Ackerman, N.W. (1986). Diagnóstico e tratamento das relações familiares. Editora Artes Médicas.

Beà, E.T. (1996). Grupo de hijos y de padres en psiquiatría infantil psicoanalítica. Ediciones Paidós.

Bolsoni-Silva, A.T. (2007). Intervenção em grupo para pais: descrição de procedimento. Temas em Psicologia, 15(2), 217-235. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2007000200007

Coelho, M.V., e Murta, S.G. (2007). Treinamento de pais em grupo: um relato de experiência. Estudos de Psicologia, 24(3), 333-341. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2007000300005

Costa, L.F., Almeida, M.C., Ribeiro, M.A., e Penso, M.A. (2009). Grupo multifamiliar: espaço para a escuta das famílias em situação de abuso sexual. Psicologia em Estudo, 14(1), 21-30. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722009000100004

Dessen, M.A., e Braz, M.P. (2000). Rede Social de apoio durante transições familiares decorrentes do nascimento de filhos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 16(3), 221-231. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-37722000000300005&script=sci_arttext&tlng=pt

Dimenstein, M., Santos, Y.F., Brito, M., Severo, A.K., e Morais, C. (2005). Demanda em saúde mental em unidades de saúde da família. Mental, 3(5), 23-41. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-44272005000200003&lng=pt&tlng=pt

Fatori, D., Brentani, A., Grisi, S.J.F.E., Miguel, E.C., e Graeff-Martins, A.S. (2018). Prevalência de problemas de saúde mental na infância na atenção primária. Ciência & Saúde Coletiva, 23(9), 3013-3020. https://doi.org/10.1590/1413-81232018239.25332016

Guimarães, M.C., Malaquias, J.H.V., e Pedroza, R.L.S. (2013). Psicoterapia infantil em grupo: possibilidades de escuta de subjetividades. Revista Mal Estar e Subjetividade, 13(3-4), 687-710. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482013000200011

Kupfer, M.C. (1994). Pais: melhor não tê-los? In: A.M.S. Rosenber, (org.). O lugar dos pais na Psicanálise de Crianças. Editora Escuta.

Lancetti, A. (1995). Três questões dos grupos terapêuticos com crianças. In: J. Volnovich, e C.R. Huget, Grupos, infância e subjetividade (pp. 105-118). Editora Relume-Dumará.

Levandowski, G., Puntel, C., Hettwer, A., Santos, AM, Bohn, M., Souza, G., Sbeghen, C., Brum, JBM, Lopes, RSO, Ribeiro, MSM, e Mello, ABG (2016). Oficina Lúdica e Grupo de Pais: uma experiência inovadora. Revista Prâksis, 13(1), 47-56. https://doi.org/10.25112/rp.v1i0.433

Levisky, R.B. (1997). Grupo com Crianças. In: D.E. Zimerman, e L.C. Osório, Como trabalhamos com grupos (pp. 311-320). Editora Artes Médicas.

Maone, A., D'Avanzo, B., Russo, F., Esposito, RM, Goldos, BL, Antonucci, A., Ducci, G., e Narracci, A. (2021). Implementation of Psychodynamic Multifamily Groups for Severe Mental Illness: A Recovery-Oriented Approach. Frontiers in Psychiatry, 12, 1-7. https://doi.org/10.3389/fpsyt.2021.646925

Menezes, K.K.P., e Avelino, P.R. (2016). Grupos operativos na Atenção Primária à Saúde como prática de discussão e educação: uma revisão. Cad saúde colet. 24(1), 124-30. http://dx.doi.org/10.1590/1414-462X201600010162

Moraes, E.S., Silva, C.C., Melo, L.L., e Mendes-Castilo, A.M.C. (2022). Support group for families with children in a pediatric intensive care unit. Revista Brasileira de Enfermagem., 75(2), 1-5. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2021-0097

Moreno, J. L. (1999). Psicoterapia de Grupo e Psicodrama. Editora Livro Plena.

Naffah Neto, A. (2010). Dez mandamentos sobre a Psicanálise Trágica. Revista Percurso – Revista de Psicanálise, 28, 15-22.

Ninan, A, Hirisave, U., e Girimaji, S.C. (2019). Group Interventions for Children and Adolescents with Emotional Problems: A Review of The Literature. Indian Journal of Mental Health, 6(1), 5-17. http://dx.doi.org/10.30877/IJMH.6.1.2019.5-17

Pardo, M.B.L., e Carvalho, M.M.S.B. (2012). Grupos de orientação de pais: estratégias para intervenção. Contextos Clínicos, 5(2), 80-87. http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2012.52.02

Pavlovsky, E. (1995). Criatividade nos grupos terapêuticos. In: J. Volnovich, e C.R. Huguet, Grupos, infância e subjetividade. Editora Relume-Dumará.

Pichon-Rivière, E. (1998). O processo grupal. Editora Martins Fontes.

Pichon-Rivière, E. (2000). Teoria do vínculo. Editora Martins Fontes.

Ponciano, E.L.T., Cavalcanti, M.T., e Féres-Carneiro, T. (2010). Observando os grupos multifamiliares em uma instituição psiquiátrica. Archives of Clinical Psychiatry, 37(2), 43-47. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-60832010000200002

Rodulfo, R. (1990). O Brincar e o Significante: um estudo sobre a constituição precoce. Editora Artes Médicas.

Schenker, M., e Minayo, M.C.S. (2003). A implicação da família no uso abusivo de drogas: uma revisão crítica. Ciência & Saúde Coletiva, 8(1), 299-30. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232003000100022

Sei, M.B., e Pereira, L.A.V. (2005). Grupo arteterapêutico com crianças: reflexões. Revista da SPAGESP, 6(1), 39-47. https://www.researchgate.net/publication/317466296

Serapioni, M. (2005). O papel da família e das redes primárias na reestruturação das políticas sociais. Ciência e saúde coletiva, 10, 243-253. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232005000500025

Terzis, A. (2005). Grupo de atividades com crianças: processo de humanização. Estudos de Psicologia, 22(3), 291-299. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2005000300007

Vasconcelos, A., e Souza, S. (2022). Play Therapy and Otherness: a group play therapy experience in the light of Lévinas. Psicologia em Estudo, 27, 1-15. http://dx.doi.org/10.4025/psicolestud.v27i0.47800

Vasconcelos, A.L.P. (2001). Drogadição e Família: um estudo das relações entre o adolescente drogadicto e seus pais [Dissertação, Mestrado Interinstitucional em Psicologia. Faculdade de Psicologia – PUCRS e Faculdade Frassinete do Recife].

Worrall, H., Schweizer, R., Marks, E., Yuan, L., Lloyd, C., e Ramjan, R. (2018). The effectiveness of support groups: a literature review. Mental Health and Social Inclusion, 22(2), 85-93. http://dx.doi.org/10.1108/MHSI-12-2017-0055

Zimerman, D.E. (1997). Como trabalhamos com grupos. Editora Artes Médicas.

Biografias Autor

Carlos Alberto Severo Garcia Júnior,

http://lattes.cnpq.br/0591141806366598

Liana Dalla Vecchia Pereira,

http://lattes.cnpq.br/2986428201206857

Publicado
2023-06-07
Como Citar
Garcia Júnior, C. A. S., & Pereira, L. D. V. (2023). Grupo de crianças e pais: práticas da psicologia na atenção primária à saúde. Lecturas: Educación Física Y Deportes, 28(301), 164-179. https://doi.org/10.46642/efd.v28i301.3893
Seção
Inovação e Experiências