Associação entre sintomas de ansiedade moderados e graves com a atividade física habitual
Resumo
O objetivo do presente estudo foi verificar a associação de fatores comportamentais e indicadores de saúde com a presença de sintomas de ansiedade em usuários de Unidades Básicas de Saúde no município de Caruaru, Pernambuco. Trata-se de um estudo epidemiológico, transversal com dados de 214 usuários de ambos os sexos, com idade >40 anos, selecionados em 7 Unidades Básicas de Saúde. A variável dependente foi a intensidade dos sintomas de ansiedade, estimada através do Inquérito de Ansiedade de Beck. As variáveis independentes foram: atividade física habitual, no lazer, no trabalho, em locomoção e atividades domésticas avaliadas com a versão longa do questionário internacional de atividade física (IPAQ). Dados sociodemográficos foram as variáveis de ajuste. As associações foram testadas por meio do teste Qui-quadrado e regressão multinominal, com resultados apresentados em odds ratio e intervalo de confiança ao nível de 95%. A prevalência de sintomas leves de ansiedade foi de 32,7% e de moderados a graves foi de 23,4%. Entre os participantes, 86,9% foram classificados como ativos e 76,2% ativos em atividades domésticas. O modelo multivariado indicou que ser ativo em atividades domésticas e possuir diagnóstico de depressão aumentam a probabilidade de sintomas moderados a graves de ansiedade (OR=2,57; IC95%:1,04–6,39) e (OR=5,21; IC95%:1,924–14,124), respectivamente. A associação entre sintomas de ansiedade moderados a graves e maiores níveis de atividade física doméstica apontam a necessidade de ações e políticas com foco na promoção da saúde de forma geral, e da atividade física no lazer, de modo específico.
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