Fatores de risco para doenças crônicas em jogadoras de futebol amador do Sul da Bahia
Resumo
Embora o Brasil seja um país de tradição no futebol, pouco se tem investigado acerca dos aspectos relacionados à saúde de jogadores, sobretudo no que tange o futebol feminino. Com isso, o objetivo do estudo foi descrever o perfil dos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), de comportamento sedentário e sócio demográfico de jogadoras amadoras de futebol para mulheres. Participaram do estudo 41 jogadoras residentes em Ilhéus e Itabuna (BA), com 26, 8 ± 7, 3 anos de idade. Foi aplicado um questionário para avaliar informações sócio-demográficas (idade, sexo, nível de escolaridade, renda familiar), fatores de risco para o desenvolvimento das DCNT (nível de atividade física, tabagismo, consumo de álcool, consumo alimentar, sobrepeso/obesidade) e comportamento sedentário. Observou-se que 46,3% das jogadoras se autodeclararam pardas, 73,2% com Ensino Médio completo e que apresentaram renda familiar média inferior a dois salários mínimos. Sobre os fatores de risco, as jogadoras foram classificadas como ativas fisicamente (100%), sem hábito de fumar (92,7%), consumidoras de frutas e legumes (95,1%) e que apresentaram padrões antropométricos normais (63,4%). Entretanto, reportaram o consumo abusivo de álcool (51,2%) e dispêndio de grande parte do tempo livre em comportamento sedentário (75,6%). Conclui-se que as jogadoras apresentam em sua maioria bons indicadores de saúde, entretanto o consumo abusivo de álcool e o comportamento sedentário são indicadores preocupantes.
Referências
Almeida, M., Palma, A., e Albuquerque, M.R. (2011). Efeito da idade relativa no futebol feminino: análise da copa do mundo sub-17, da FIFA. Revista Arquivos em Movimento, 7(1), 21-33. http://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/553
Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. (2020). Critério Brasil 2015 e atualização da distribuição de classes para 2016. http://www.abep.org/criterio-brasil
Bazzano, L.A., Serdula, M.K., e Liu, S. (2003). Dietary intake of fruits and vegetables and risk of cardiovascular disease. Current Atherosclerosis Reports, 5(6), 492-499. https://doi.org/10.1007/s11883-003-0040-z
Biswas, A., Oh, PI, Faulkner, GE, Bajaj, RR, Silver, MA, Mitchell, MS., e Alter, DA (2015). Sedentary time and its association with risk for disease incidence, mortality, and hospitalization in adults: a systematic review and meta-analysis. Annals of Internal Medicine, 162(2), 123-132. https://doi.org/10.7326/m14-1651
Brasil (2018). Vigitel Brasil 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Ministério da Saúde.
Brasil (2020). Cidades. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. https://cidades.ibge.gov.br/
Brasil (2020a). Censo demográfico 2010: questionário da amostra. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. http://censo2010.ibge.gov.br/images/pdf/censo2010/questionarios/questionario_amostra_cd2010.pdf
Brasil (2020b). Decreto nº 9.661, de 1º de Janeiro de 2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9661.htm
Brasil. (2020c). Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996. Dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4° do art. 220 da Constituição Federal. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9294.htm
Brasil. (2020d). Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011. Institui o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra); dispõe sobre a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) à indústria automotiva; altera a incidência das contribuições previdenciárias devidas pelas empresas que menciona; altera as Leis no 11.774, de 17 de setembro de 2008, no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, no 11.196, de 21 de novembro de 2005, no 10.865, de 30 de abril de 2004, no 11.508, de 20 de julho de 2007, no 7.291, de 19 de dezembro de 1984, no 11.491, de 20 de junho de 2007, no 9.782, de 26 de janeiro de 1999, e no9.294, de 15 de julho de 1996, e a Medida Provisória no 2.199-14, de 24 de agosto de 2001; revoga o art. 1o da Lei no 11.529, de 22 de outubro de 2007, e o art. 6o do Decreto-Lei no 1.593, de 21 de dezembro de 1977, nos termos que especifica; e dá outras providências. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12546.htm
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. (2019).Vigitel Brasil 2018: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Ministério da Saúde.
Cervi, A., Franceschini, S.D.C., e Priore, S.E. (2005). Análise crítica do uso do índice de massa corporal para idosos. Revista de Nutrição, 18(6), 765-775. https://doi.org/10.1590/S1415-52732005000600007
Darido, S.C. (2002). Futebol feminino no Brasil: do seu início à prática pedagógica. Motriz, 8(2), 43-49. http://cev.org.br/biblioteca/futebol-feminino-brasil-seu-inicio-pratica-pedagogica/
Dias, R.G., Gonelli, P.R.G., Cesar, M.C., Verlengial, R., Pellegrinotti, I.L., e Lopes, C.R. (2016). Efeito da pré-temporada no desempenho de atletas de futebol feminino. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 22(2), 138-141. https://doi.org/10.1590/1517-869220162202147189
Ferreira C. (2007). Os trabalhadores e os territórios do futebol em Blumenau-SC (1950-1970). In: 24º Simpósio Nacional de História, Blumenau. Blumenau: ANPUH, p. 1-9.
Franzini, F. (2005). Futebol é "coisa para macho"? Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Revista Brasileira de História, 25(50), 315-328. https://doi.org/10.1590/S0102-01882005000200012
Heckathorn, D.D. (2011). Snowball versus respondent-driven sampling. Sociological methodology, 41(1), 355-366. https://dx.doi.org/10.1111%2Fj.1467-9531.2011.01244.x
Leite, C.B.S., e Cavalcanti Neto, F.F. (2003). Incidência de lesões traumato-ortopédicas no futebol de campo feminino e sua relação com alterações posturais. Lecturas: Educación Física y Deportes, 9(61). https://www.efdeportes.com/efd61/futebol.htm
Lock, K., Pomerleau, J., Causer, L., Altmann, D.R., e McKee, M. (2005). The global burden of disease attributable to low consumption of fruit and vegetables: implications for the global strategy on diet. Bulletin of the World Health Organization, 83(2), 100-108. http://doi.org//s0042-96862005000200010
Malcon, M.C., Menezes, A.M.B.,e Chatkin, M. (2003). Prevalência e fatores de risco para tabagismo em adolescentes. Revista de Saúde Pública, 37(1), 1-7. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102003000100003
Martins, L.T., e Moraes, L. (2007). O futebol feminino e sua inserção na mídia: a diferença que faz uma medalha de prata. Pensar a Prática, 10(1), 69-82. https://doi.org/10.5216/rpp.v10i1.33360
Matsudo, S., Araujo, T., Matsudo, V., Andrade, D., Andrade, E., Oliveira, LC, e Braggion, G. (2001). Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ): Estudo de validade e reprodutibilidade no Brasil. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, 6(2), 5-18. https://doi.org/10.12820/rbafs.v.6n2p5-18
Morel, M., e Salles, J.G.C. (2006). Futebol feminino. In: L. P. Costa (Org.). Atlas do esporte no Brasil (p. 262-263). Shape Editora.
Mourão, L., e Morel, M. (2005). As narrativas sobre o futebol feminino. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 26(2), 73-86. http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/148
Oliveira, M.A.M., Fagundes, R.L.M., Moreira, E.A.M., Trindade, E.B.S.M., e Carvalho, T. (2010). Relação de indicadores antropométricos com fatores de risco para doença cardiovascular. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 94(4), 478-485. https://doi.org/10.1590/S0066-782X2010005000012
Oliveira, S.R.S., Serassuelo Junior, H., e Simões, A.C. (2006). Futebol feminino de competição: uma análise das tendências do comportamento das mulheres. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 20(3), 209-218. https://doi.org/10.1590/S1807-55092006000300006
Pires, R.T. (2017). Fatores motivacionais para a prática do futebol feminino em dois clubes profissionais na cidade de Porto Alegre [Trabalho de conclusão de curso. Universidade Federal do Rio Grande do Sul]. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/174779
Proper, K.I., Singh, A.S., van Mechelen, W. e Chinapaw, M.J. (2011). Sedentary behaviors and health outcomes among adults: a systematic review of prospective studies. American Journal of Preventive Medicine, 40(2), 174-182. https://doi.org/10.1016/j.amepre.2010.10.015
Queiroga, M.R., Ferreira, S.A., Pereira, G., e Kokubun, E. (2008). Somatotipo como indicador de desempenho em atletas de futsal feminino. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, 10(1), 56-61. https://doi.org/10.1590/1980-0037.2008v10n1p56
Rezende, F., Rosado, L., Franceschinni, S., Rosado, G., Ribeiro, R., Marins, J.C. (2007). Critical revision of the available methods for evaluate the body composition in population-based and clinical studies. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, 57(4), 327-334. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18524316/
Rezende, LFM, Sá, TH, Mielke, GI, Viscondi, JYK, Rey-López, JP, e Garcia, LMT (2016). All-Cause Mortality Attributable to Sitting Time: Analysis of 54 Countries Worldwide. American Journal of Preventive Medicine, 51(2), 253-263. https://doi.org/10.1016/j.amepre.2016.01.022
Riboli, E., e Norat, T. (2003). Epidemiologic evidence of the protective effect of fruit and vegetables on cancer risk. American Journal of Clinical Nutrition, 78(3 Suppl), 559S-569S. https://doi.org/10.1093/ajcn/78.3.559s
Rolls, B.J., Ello-Martin, J.A., e Tohill, B.C. (2004). What can intervention studies tell us about the relationship between fruit and vegetable consumption and weight management? Nutrition Reviews, 62(1), 1-17. https://doi.org/10.1111/j.1753-4887.2004.tb00001.x
Rossi, M. R., Vitorino, L.M., Salles, R.P., e Cortez, P.J.O. (2016). Estratégias de coping em atletas de futebol feminino: estudo comparativo. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 22(4), 282-286. https://doi.org/10.1590/1517-869220162204160572
Salvini, L., de Souza, J., e Marchi Júnior, W. (2015). Entre fachadas, bastidores e estigmas: uma análise sociológica do futebol feminino a partir da teoria da ação social de Erving Goffman. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 29(4), 559-569. https://doi.org/10.1590/1807-55092015000400559
Salvini, L., e Marchi Júnior, W. (2016). “Guerreiras de chuteiras” na luta pelo reconhecimento: relatos acerca do preconceito no futebol feminino brasileiro. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 30(2), 303-311. https://doi.org/10.1590/1807-55092016000200303
Salvini, L., Ferreira, A.L.P., e Marchi Júnior, W. (2014). O futebol feminino no campo acadêmico brasileiro: mapeamento de teses e dissertações (1990–2010). Pensar a Prática, 17(4). https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617
Santos, D.S., e Medeiros, A.G.A. (2012). O futebol feminino no discurso televisivo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 34(1), 185-196. http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/1001
Shannon, G., Jansen, M., Williams, K., Cáceres, C., Motta, A., Odhiambo, A., Eleveld, A., e Mannell, J. (2019). Gender equality in science, medicine, and global health: where are we at and why does it matter? Lancet, 393(10171), 560-569. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)33135-0
Silva, G.C. (2015). Narrativas sobre o futebol feminino na imprensa paulista: entre a proibição e a regulamentação (1965-1983) [Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo]. https://doi.org/10.11606/D.8.2015.tde-10092015-161946
Silva, PRS, Romano, A., Roxo, CDMN, Machado, GS, Lolla, JCCR, Lepéra, C., Ponte, FM, Silva, AA, Riça, WO, Rosa, AF, Costa, SB, Tavares, EV, Teixeira, AAA, Visconti, AM, Seman, AP, Firmino, MT, Costa, RR, e Cordeiro, JR (1999). Características fisiológicas, músculo-esqueléticas, antropométricas e oftalmológicas em jogadoras de futebol feminino consideradas de elite. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 5(1), 01-08. https://doi.org/10.1590/S1517-86921999000100002
Stamatakis, E., Ekelund, U., Ding, D., Hamer, M., Bauman, A. E., Lee, I-M. (2019). Is the time right for quantitative public health guidelines on sitting? A narrative review of sedentary behaviour research paradigms and findings. British Journal of Sports Medicine, 53(6), 377-382. https://doi.org/10.1136/bjsports-2018-099131
Teixeira, F.L.S., e Caminha, I. O. (2013). Preconceito no futebol feminino brasileiro: uma revisão sistemática. Movimento, 19(1), 265-287. https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4603270
Terossi, M.B., D'Angelo, A.P., e Stilli, D.A.B. (2009). Futebol e gênero: a visão nacional sobre a prática do futebol entre as mulheres. Anuário da Produção Acadêmica Docente, 3(4), 131-146. http://repositorio.pgsskroton.com.br/handle/123456789/1330
Thorp, AA, Healy, GN, Owen, N., Salmon, J., Ball, K., Shaw, JE., Zimmet, PZ, Dunstan, DW (2010). Deleterious associations of sitting time and television viewing time with cardiometabolic risk biomarkers: Australian Diabetes, Obesity and Lifestyle (AusDiab) study 2004-2005. Diabetes Care, 33(2), 327-334. https://doi.org/10.2337/dc09-0493
Van Duyn, M.A.S., e Pivonka, E. (2000). Overview of the health benefits of fruit and vegetable consumption for the dietetics professional: selected literature. Journal of the American Diet Association, 100(12), 1511-1521. https://doi.org/10.1016/s0002-8223(00)00420-x
Ventura, T.S., e Hirota, V. B. (2007). Futebol e salto alto: por que não? Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, 6(3), 155-162. https://www.mackenzie.br/fileadmin/OLD/47/Editora/REMEF/Remef_6.3/Artigo_17.pdf
Viana, A.E.S. (2008). Futebol: das questões de gênero a pratica pedagógica. Conexões, 6(esp), 640-648. https://doi.org/10.20396/conex.v6i0.8637864
Weiler, R., Aggio, D., Hamer, M., Taylor, T., e Kumar, B. (2015). Sedentary behaviour among elite professional footballers: health and performance implications: Table 1. BMJ Open Sport & Exercise Medicine, 1(1), e000023. https://doi.org/10.1136/bmjsem-2015-000023
Wilmot, EG, Edwardson, CL, Achana, FA, Davies, MJ, Gorely, T., Gray, LJ, Khunti, K., Yates, T., e Biddle, SJH (2012). Sedentary time in adults and the association with diabetes, cardiovascular disease and death: systematic review and meta-analysis. Diabetologia, 55(11), 2895-2905. https://doi.org/10.1007/s00125-012-2677-z
World Health Organization (2020a). Noncommunicable diseases. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/noncommunicable-diseases
World Health Organization (2020b). Risk factors. https://www.who.int/gho/ncd/risk_factors/en/
World Health Organization (2020c). Body mass index – BMI. http://www.euro.who.int/en/health-topics/disease-prevention/nutrition/a-healthy-lifestyle/body-mass-index-bmi
Direitos de Autor (c) 2021 Lecturas: Educación Física y Deportes
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
